Tenho ouvido e lido sobre um não-novo grupo de pessoas que agora estão resolvendo sair do armário: @s assexuad@s. São pessoas que não gostam e não têm a mínima vontade de ter relações sexuais ou qualquer contato deste tipo com outras, mas que se apaixonam, gostam e querem se relacionar amorosamente (beijar, abraçar, namorar, até mesmo casar e ter filh@s). Há ainda aqueles que nem disso sentem falta e desejo: são @s chamad@s atualmente de assexuad@s não-romântic@s.
Gente que costuma sofrer desde cedo nessa sociedade de tantas cobranças, primeiramente porque não sabem o que lhes acontece “de errado”; até compreenderem-se e, para sobreviver, ter que buscar uma forma de continuar respirando mesmo fora d’água... Muitas vezes julgad@s de ser o que não são, por uma suposta falta de definição (engraçado, já vi isso acontecer antes) muit@s acabam esforçando-se para fazer o que é esperado que se faça. Mas simplesmente o que empolga e atrai a maioria das pessoas, a partir de uma certa idade, (seja de um lado, de outro ou de ambos) para el@s é indiferente.
Aí fica difícil satisfazer a necessidade humana de inserir tudo e todos numa categoria conhecida, que permita inferir-lhes características comuns a outros “iguais”. O indivíduo sente essa necessidade de inserção de si mesmo na busca do “quem eu sou” e de inserção do outro para saber “quem é el@” e assim poder sentir-se algum “nós”, pois uma identidade também se cria a partir de quem não somos. Agora, ao levantar a voz, @s assexuad@s começam a perceber que também têm um "nós".
Hoje assistimos (e participamos) de muitas guerras; uma delas se dá entre essa diversidade sexual que mostra a cara e os velhos padrões e preconceitos de quem não quer ouvir seus semelhantes – porque no final das contas há mais semelhanças – falar em voz alta. Sim, porque no fundo el@s nunca estiveram quiet@s... E inquieto agora está o mundo que, baseando seu modo de vida capitalista na manipulação dos desejos humanos, lamenta a descoberta de pessoas bem resolvidas com o fato de que absolutamente não querem sexo!
De que adianta manter velhas estruturas se o construído continua desabando?
@ = eles e elas.
Camila Sousa de Almeida