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Aracaju, Sergipe, Brazil
Sou uma terapeuta ericksoniana; trabalho com Psicoterapia Breve, utilizando, sob medida para cada pessoa, técnicas de Hipnose e Arteterapia. Sou também doula: acompanho gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto. Qualquer dúvida e interesse, entre em contato! Terei o maior prazer em poder ajudar. :)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

domingo, 26 de agosto de 2012

Sonho De Uma Flauta


Nem toda palavra é
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz
Avião parece passarinho
Que não sabe bater asa
Passarinho voando longe
Parece borboleta que fugiu de casa
Borboleta parece flor
Que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gente
Pois somos semente do que ainda virá
A gente parece formiga
Lá de cima do avião
O céu parece um chão de areia
Parece descanso pra minha oração
A nuvem parece fumaça
Tem gente que acha que ela é algodão
Algodão as vezes é doce
Mas as vezes né doce não
Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
O dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Hum... E o mundo é perfeito
Hum... E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito
Eu não pareço meu pai
Nem pareço com meu irmão
Sei que toda mãe é santa
Sei que incerteza traz inspiração
Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso
Tem riso que parece choro
Tem choro que é por alegria
Tem dia que parece noite
E a tristeza parece poesia
Tem motivo pra viver de novo
Tem o novo que quer ter motivo
Tem sede que morre no seio
Tem nora que fermata quando desafino
Descobrir o verdadeiro sentido das coisas
É querer saber demais
Querer saber demais
Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
O dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Mas sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito...

O Teatro Mágico

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Dr. Google não é especialista em você!



A internet propicia atualmente uma maior facilidade de acesso à informação, e isto também se observa no âmbito da saúde. Não apenas instituições e profissionais têm a possibilidade de disponibilizar seus textos publicamente, como qualquer pessoa que queira questionar, opinar ou informar através dos espaços virtuais.

Como absolutamente tudo, isso tem um lado positivo e um negativo: o enriquecimento das trocas diminui a ignorância, porém pode levar a alguns equívocos. Não só porque nem todas as informações são baseadas em comprovações científicas, até porque o que é considerado científico também está sujeito à falhas e mudanças. A contextualização é necessária para tornar uma “verdade” realista. Porque as verdades absolutas não existem; a diversidade, em tudo o que diz respeito ao ser humano, é que se coloca como fato concreto.

O que em um grupo é considerado doença, em outro pode ser compreendido como um dom espiritual; o que em uma família é encarado como demonstração natural de saúde, em outra é causa de incômodo e vista como um problema: como uma criança bastante ativa, por exemplo. Todos nós apresentamos características que se encaixam em sintomas de transtornos catalogados, mas isso não é suficiente para nos considerarmos “isso” ou “aquilo”. Há muito mais a se pensar...

É comum hoje as pessoas se autodiagnosticarem a partir do que lêem na internet, e isso pode ser benéfico por um lado, mas negativo por outro, como já havia dito. Encontrar um nome para o que se sente e vivencia pode trazer alívio e esperança de melhora, mas também pode acabar limitando aquilo que você acredita sobre você; colocando o foco em dificuldades, enquanto você é um Todo muito maior do que a soma dessas partes, e cheio de potencialidades.

Diante do reconhecimento de uma necessidade, o mais importante quando se procura a ajuda de um profissional é saber o que você quer mudar, superar, desenvolver. As informações podem ser utilizadas para auxiliar esta percepção, para possibilitar em vez de delimitar.

Em geral a sociedade estabelece rótulos e não há como evitá-los completamente; mas podemos aprender que ninguém é simplesmente um “depressivo”, “bipolar”, ou qualquer nome que seja. Você é você; e quem você é pode mudar, e muda constantemente. Não limite o que é naturalmente ilimitado...

Camila Sousa de Almeida

sábado, 18 de agosto de 2012

Livres feito livros


Numa floresta que (r)existia vivia uma família que era o resquício de uma cidade extinta. Viviam do seu próprio trabalho e raramente recebiam visita. Só corajosos viajantes – e não viajantes com coragem – chegavam ali, onde eles pisavam todos os dias. 

Uma tarde receberam um desses, que junto com ele um filho trazia. O menino que viajava passou o resto do dia a falar para as crianças dali sobre coisas estranhas, coisas que não existiam, que pareciam verdadeiras mentiras de tão esquisitas!

Passada a fase da lua, o menino da floresta levantou cedo com a luz do dia, e foi perguntar à mãe, que muito sabia da vida: “mãe, o que é livro?”. A mulher sorriu um sorriso de canto de boca e olhos com brilho, e disse: “livro, meu filho, é uma coisa muito bonita. É coisa, mas parece gente; fala e faz falar inteligente. É algo que alguém achou tão bom que quis compartilhar, e que chegou até você pra mostrar que você é capaz de aprender mais. Pode ser grande ou pequeno, mas sempre te deixa maior; assim como a semente e a terra, quando ele chega e recebe permissão, entra e você nunca mais será como antes”. E o filho, alegre com o que ouvira: “mãe, eu quero isso pra mim! Eu posso plantar?!”. 

A mãe disse que livro não era como espiga de milho que se colhia, mas como a canjica que dele se fazia. Prometeu então ao filho que o sabor dos livros ele iria conhecer. E que iria gostar tanto, mas tanto, ao ponto de lamber os dedos pra página virar! Pediu aos visitantes que avisassem nas cidades do caminho que ali naquela casa da floresta os livros eram bem-vindos. E a partir de então, os novos visitantes começaram a chegar, vindos de muitas origens. 

Mostrando a natureza e as partes do próprio corpo, a mãe ensinou ao filho sobre os nomes das formas escritas: uma lua crescente podia chamar de “C”; um sol redondinho chamar de “O”; uma perna, se fosse sozinha, chamaria de “I”; e assim, o menino foi aprendendo a aprender com os livros. E começou a viajar com a ajuda daqueles que viajavam, e seus filhos... 

Um dia o menino da floresta questionou: “mãe, como se faz livros? Eu posso fazer?”. E a mulher, sabiamente, respondeu: “filho, um livro é como um filho. Você pode fazer de muitas formas, mas a melhor delas, a que eu mais gosto, é com amor. Você pode fazer livro com pedaços de árvores, colocando neles seu coração. Transformada em livro, a árvore vai passar de mão em mão; e vai fazer mágica: deixar pular fora do seu peito o coração. Você tem tudo isso aqui, não tem?! Então você pode. E melhor ainda é saber que podemos continuar a plantar...”.

Camila Sousa de Almeida


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Pescadores de ilusões


Mentiram. E continuam mentindo. Mulher não nasceu pra ser mãe; homem não é aquele que não chora; e ninguém precisa lutar pra ser alguém na vida naturalmente se é o que já se é de nascença.

Nos países emancipados não existe independência; homens livres são escravos; a notícia que não é noticiada não é a violência que provoca medo, mas que ela é por ele provocada.

Seres pensantes que não pensam preenchem os espaços que continuam vazios das cidades abarrotadas. A civilização hoje é um processo especializado de impedir a evolução. 

Os animais que ainda sobrevivem estão mortos, vivendo sob maltratos de exemplares – que não dão exemplo – de sua própria espécie. São eles: patrões, empregados, desempregados e outras variações de terráqueos.

Sinto não acabar com essa amarga ilusão. Não vivemos em um grande mundo redondo, mas apenas num grão de areia minúsculo do universo. Se giramos em torno de nós mesmos, estamos repetindo um disco arranhado. Não amamos: choramos e lamentamos, achando que somos injustiçados! Como se justiça fosse só uma palavra que guardaram no dicionário...

Camila Sousa de Almeida

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Oração ao Tempo




♫♪ És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos♫♪ 
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
♫♪ E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo♫♪ 
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo♫♪ 
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...♫♪ 

Caetano Veloso 

sábado, 4 de agosto de 2012

Aguar


Em um tempo passado, nas bandas de um pequeno interior, vivia uma menina que tinha medo de água. Não era um pavor que a fazia sair correndo, nem mesmo uma voz que a dizia para se afastar, mas uma espécie de entendimento imaginado que ela tinha do que seria se molhar. Ela não queria, isso era tudo que sabia. Passava então os dias sem se refrescar, sem saber como era fácil ficar limpa e sem tentar descobrir aquilo que na mente dela não existia. 

Foi então que num belo dia – porque todos os dias são belos, se assim permitimos – ela estava na rua desprevenida e caiu uma grande chuva no lugar. Grande não porque era muita, mas porque realizou um importante feito. A menina ficou em choque, sentia-se cortada em pedaços ao toque daquelas gotas terríveis! Era água, e eram várias; porque o que a modifica a torna plurificada. 

Sem suportar tamanha dor, sendo invisivelmente rasgada, correu de qualquer jeito, até avistar um lago em frente ao seu caminho, bem na direção exata. E num misto de desespero e inconsciente sabedoria, pulou para dar fim ao que sentia, achando que, afundando, a vida acabaria. 

Foi quando, de olhos fechados e completamente banhada, sentiu algo diferente de tudo o que já havia vivido. Estava mais leve, o que era aquilo?! Pensou estar morta... De certo alguém havia morrido. 

Após o pensamento conclusivo, seu corpo, que havia descido, começou a subir! Erguendo-se como se flutuasse... Água... O que era aquilo?! “Pensei que fosse no ar que acontecesse isso”, pensou como se falasse alto... 

A menina experimentou seu medo a tarde todinha. E quando saiu, não era só a água que havia se modificado. Sabia agora que podia sentir a si mesma de outras formas... Uma delas era com mais leveza no corpo, devido à suavidade da alma... :)

Camila Sousa de Almeida


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Vai Com Pensar Ou Não?

"Fui consertar minha câmera fotográfica que estava quebrada há um tempão (minha primeira câmera)... Na loja, vi que consertá-la não compensaria; iria sair mais caro que uma nova câmera. O cara tentou me fazer entender isso, e me mostrou outras câmeras, que apesar de usadas, estão em muito melhor estado que a minha velhinha. No fim, percebi que eu não queria só consertar a câmera, mas o que ela representava pra mim. E que eu deveria, na verdade, parar de olhar para trás e ver o que estava dado alí na minha frente (a câmera nova, no caso)... Que às vezes compensa mais se desfazer do que é "velho" para agregar coisas novas... Foi bem lógico na hora me desfazer, sabe. E eu não tinha percebido até o cara mostrar a outra câmera. Há anos eu tento consertar essa câmera... O legal foi o pensamento que tive. Saí de casa pensando: "se for uns 150 reais o conserto, eu pago e volto com minha câmera". Aí o cara me fala que vai custar no mínimo uns 200, e que por 100 eu levo outra 'nova'. A questão do desapego é muito forte mesmo. Não vale a pena se apegar ao passado, se ele não te deixa ver novas oportunidades no presente.

P.S. Sempre falavam que eu ia gastar, que ia ficar caro, mas a câmera velha ia ser consertada... Essa foi a primeira vez que me mostraram outra opção... E me dei conta de tudo isso."
Erna Barros


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