As atitudes são compostas de cognições ou crenças, sentimentos (ligados a avaliações) e tendências a se portar de uma determinada maneira (Breckler, 1984) em relação a objetos, grupos, eventos e símbolos. Elas são aprendidas e permanecem conosco por longos períodos – até o momento em que resolvemos mudá-las.
Quando a atitude considerada apóia-se em um componente do pensamento relativamente simples e rígido e diz respeito a pessoas ou grupos sociais, é chamada de estereótipo (Ashmore, 1981). Na vida diária, os seres humanos estão sempre generalizando, com base em suas experiências (McCauley, 1980). Os estereótipos organizam e condensam informações, de modo que possamos agir de maneira rápida, mas são destrutivos basicamente quando nos esquecemos de que se baseiam em pequenas amostras e com frequência são injustos, quando aplicados rotineiramente a todos os indivíduos de uma população.
Os estereótipos tendem a se autoperpetuar, em parte, porque o comportamento da pessoa que está formando o estereótipo faz com que o alvo – ou seja, o outro – aja de maneira que o confirme. Existe uma expressão latina, quod erat demonstrandum, que significa “como se queria demonstrar" e é usada no final de demonstrações matemáticas quando se chega ao resultado pretendido. O termo em português “C.Q.D.” é utilizado também para se referir a este processo. Se tratamos uma pessoa que consideramos antipática com frieza, como ela provavelmente responderá?
Os estereótipos podem ser considerados esquemas (redes de conhecimento); como tais, alteram percepções e memórias, com consequências que o perpetuam. Ou seja, tendemos a ver e lembrar do que se harmoniza com nossos estereótipos, outro mecanismo que os mantém intactos (Hamilton, 1985).
Décadas atrás, Gordon Allport e Leo Postman (1947), mostraram rapidamente esse desenho a pessoas brancas e fizeram perguntas para ver do que se lembravam. A maioria dos participantes da pesquisa lembravam-se da navalha na mão do homem negro (enquanto, na verdade, estava na mão do homem branco). Presumivelmente, usaram um esquema “negros são violentos” enquanto estavam codificando ou recuperando as informações. O estudo de Allport-Postman é um dos diversos que sugerem que os preconceitos são fortalecidos pelas formas tendenciosas pelas quais os seres humanos processam as informações. (Adaptada de The Psycology of Rumor por Gordon W. Allport & Leo Postman...)
Sendo assim, relacionar-se com estereótipos, e não com pessoas, é uma forma eficiente de estar certo, como queria demonstrar... As atitudes que temos diante da vida e das pessoas é em grande parte determinante do que recebemos. Você quer o melhor? Então espere o melhor...!
Camila Sousa de Almeida
Texto adaptado de DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia: 3ª edição. Cap. 15. (p. 645-650) São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2001.
Ótimo texto!!!
ResponderExcluirNo caso especial do preconceito racial exemplificado no texto, acredito que nao seja uma forma tendenciosa de processar, mas sim o que recordamos do negro de acordo com o que nos eh mostrado diariamente. Por exemplo, estamos acostumados a ver em filmes, noticiarios, desenhos, etc, a imagem do negro associada a violencia, desregramento, dentre outras mazelas sociais. De uma certa forma, somos manipulados a pensar dessa maneira, ainda hoje.
Justamente, como diz o trecho: "Na vida diária, os seres humanos estão sempre generalizando, com base em suas experiências", que tanto podem ter sido nossas como dos outros, e tomamos conhecimento. E é útil aprender com as experiências passadas, o problema é ficar limitado a elas e não se abrir a outras possibilidades... o ser humano, assim como tudo na natureza, vive em constante processo de mudança.
ResponderExcluirhmmm
ResponderExcluirmt bom!!!
interessante como cada um v aquilo q está mais proximo de si...n consegui deixar de v a critica implicita ao ato médico de diagnosticar presente no texto...embora saiba q vc n se referia a isso!
...mas esse texto me fez pensar sobre as influencias, negativas e positivas, de um estereótipo p pessoa estereótipada e para quem "estereotipa"...q beneficios secundários teria, por exemplo, o "negro com a navalha na mão" diante dessa situação? talvez ele pudesse pensar: "ta vendo, os brancos são preconceituosos!" como queria demonstrar! kkkkk
entrando ele tb no famoso ciclo CQD... o estereotipado passaria entao a estereotipar?
rsrsrs
...e haja necessidade de "estar certo" nesse bixo homem hein?
A grande questão do estereótipo pra quem estereotipa, partindo do ponto q esse acredita no padrão de comportamento e pensamento do seu objeto estereotipado, ao meu ver, talvez seja o fato de q o estereotipado vai o tmpo todo surpreendê-lo...beneficio? surpreender-se é bom não é mesmo?
rsrsrs
enfim apenas algumas reflexões q passaram na cuca aqui!
bom post!
bjuuu!
Realmente, eu não estava pensando em diagnósticos clínicos no âmbito da medicina, mas no contato pessoal e social entre as pessoas.
ResponderExcluirCom certeza não há uma divisão delimitada: o que estereotipa e o que é estereotipado; todos nós podemos estar, ao mesmo tempo, em ambos os lados... benefícios secundários existem, porque toda moeda tem dois lados!
Existe um pensamento comum em livros de auto-ajuda que diz: é melhor estar certo ou ser feliz?
Ah, surpreender-se e surpreender pode ser muito bom, o problema é quando alguém está tão cego que não consegue ver aquilo que o surpreenderia se ele abrisse os olhos mais um pouco... ;)
alem de ter adorado o direcionamento positivo que vc deu a uma questao tao polemica eu nao consegui enxergar a navalha na mao de ninguem, mas cheguei a conclusao que preciso ir ao oculista :)
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