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Aracaju, Sergipe, Brazil
Sou uma terapeuta ericksoniana; trabalho com Psicoterapia Breve, utilizando, sob medida para cada pessoa, técnicas de Hipnose e Arteterapia. Sou também doula: acompanho gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto. Qualquer dúvida e interesse, entre em contato! Terei o maior prazer em poder ajudar. :)

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O que significa "no frigir dos ovos"?

Pergunta:

Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão "no frigir dos ovos"?

Resposta:

Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo. Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese... etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco...

A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.

Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda. Entendeu o que significa “no frigir dos ovos”?

Guaraci Neves

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Confesse


Todo ser humano possui um dom primordial: a capacidade de aprender. E sai aprendendo de tudo por aí, mantendo em seus hábitos diários aquilo que a vida lhe ensinou mais vezes, digamos assim...

Como parte do instinto de sobrevivência, aprendemos a engolir, mesmo antes de nascer. Por isso que, às vezes, num cúmulo de absorção daquilo que o ambiente oferece, o feto engole o líquido que envolve e protege seu ser.  

É, aprender o que se deixa entrar e o que deve permanecer do lado de fora é uma tarefa delicada. 

O mundo, do jeito que está hoje, nos incentiva a engolir frequentemente sapos, alimentos com agrotóxicos, choro e pílulas que se espera que façam milagres. Com tanto exercício de deglutição, acabamos por estender esse ato a sentimentos positivos que nos passam os outros, nos contextos que menos necessitam dessa nossa retenção. 

A dificuldade de se expressar livremente às vezes é tanta que não conseguimos (ou não nos permitimos) elogiar. Achamos um amigo bonito, nossa professora fantástica, o jeito que alguém ri ou dança uma graça, mas não falamos nada! Muitas dessas pessoas elogiáveis andam por aí de cabeça baixa, se achando feias, ou absolutamente sem graça; sem saber o quanto as acham divertidas, charmosas e os vários motivos para serem apreciadas. Custa lhes confessar?!

Quando alguém lhe provoca um sorriso, uma sensação boa, um brilho no olhar, é uma oportunidade perfeita para você a mesma coisa a ele/a proporcionar! Ah, confessa, vai...

Camila Sousa de Almeida

domingo, 24 de abril de 2011

Felicidade




Composição : Marcelo Jeneci/Chico César

Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz.
Sem tirar o ar, sem se mexer, sem desejar como antes sempre quis.
Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.
Lembrará os dias que você deixou passar sem ver a luz.
Se chorar, chorar é vão porque os dias vão pra nunca mais.

Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
Dançar na chuva quando a chuva vem.

Tem vez que as coisas pesam mais do que a gente acha que pode aguentar.
Nessa hora fique firme, pois tudo isso logo vai passar.
Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.

Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
/Dançar na chuva quando a chuva vem./

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aprendendo “na-tora-mente”, como dizem...


Tragédias, massacres, catástrofes da natureza, a violenta (re)ação se tornando cada vez mais constante no nosso mundo. Seria mero acaso, culpa sempre do próximo ou conseqüências de nossos atos? 

A re-volta verdadeira é nossa ou desses fatos? Quem começou? Procurar culpas e encontrar “os culpados” parece uma tradição diante do inexplicável; um modo de tentar manter-se numa posição confortável: aquela de quem não tem “nada a ver” com o ocorrido e apenas viu pela TV, no noticiário. Mas na TV só passa aquilo que tenha quem assista. Uma pergunta: a violência está fora ou dentro de mim, quando me permito ser diariamente violado?

Assistir é uma forma passiva de participar ativamente. Sim, porque o observador também influi no desenrolar dos fatos observados, fenômeno comprovado por pesquisas científicas. É o subjetivo influenciando o objetivo, não só sendo influenciado. 

Ontem assisti uma reportagem interessante, sobre o que aconteceu depois do assassinato de crianças e adolescentes numa escola, por um homem que, em poucos instantes, interferiu para sempre na vida de muitas famílias. Em retaliação, picharam o muro da casa de seus familiares. Mas voluntários, desconhecidos de tais alvos, pintavam o referido muro de branco, estancando assim a violência, que uma bola de neve gerava. Como esperar o fim levando algo adiante? Alguns se perguntavam...

E na mesma linha de raciocínio sábio, ia uma mãe recolher a mochila da filha morta; além de já ter doado os órgãos da menina, repassaria ainda os livros dela, ainda em bom estado. Mais didática era a atitude da mãe cidadã, do que aqueles objetos a serem doados. Destoando do comum, estava ali a filmagem da dor do vivo, transformada em lindas cores de solidariedade. 

Como num truque de mágica parecia incrível como, algo que costuma levar as pessoas para um movimento interno de mergulho em seus sentimentos, na falta e no vazio que parecem deixar esses momentos, estava levando alguém a olhar justamente para o lado de fora; e querer preencher algo além de si mesma... 

Será que finalmente estamos aprendendo? O exemplo de Gandhi está sendo compreendido? Será que a morte está conseguindo se tornar mais do que corpos caídos nos vãos e impedindo que nossas vidas sigam nocivamente em vão?

Camila Sousa de Almeida

sábado, 9 de abril de 2011

Não Basta


Não basta abrir a janela

Para ver os campos e o rio.

Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
 
Alberto Caeiro

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