A gente vive num mundo esquizofrênico, dominado por esquizofrênicos que dominam outros, cada um na sua esquizofrenia... Os mundos paralelos da política, do futebol, da cerveja, das festas, novelas, programas de televisão e músicas com letras e refrãos esquisitos, que nos tiram ou afastam do contato com outras realidades comuns a todos: a miséria, a fome, a corrupção, os genocídios em prol da construção de usinas hidrelétricas, só para citar alguns dos fatos que ignoramos, surpreendentemente. É como viver a realidade de outro mundo, enquanto se caminha neste. Isto não seria uma esquizofrenia?! Uma mente dividida, porque a mente mente, enganando a si mesma sobre a realidade que “vive”.
Somos condicionados a prestar atenção em determinadas coisas e não em outras, ao ponto de termos algo, às vezes escancaradamente, em frente às nossas fuças e não enxergamos; ou não escutamos; ou não sentimos nada! Distraídos, somos traídos pela nossa percepção... Observe um telejornal: após notícias de guerra, catástrofes ou corrupção política, dada com cara de pesar pelo jornalista, os gols da semana são comemorados com uma rápida mudança de semblante; a seriedade se transforma em largo sorriso, pois o que “realmente” importa é isso. Ter um título de vencedor é uma importante conquista, tanto quanto o é para um “esquizofrênico” o título de Napoleão Bonaparte ou de rei da província.
Pesquisas têm provado ultimamente que transmissão de energia pelas mãos pode curar. Será que é só em alguns casos, com intenção de cura, que essa influência existe? Será que outros tipos de afeto não podem também cotidianamente acontecer e, acontecem? Se nem mesmo tudo o que os meus olhos podem ver eu vejo completamente...
Ignoramos muitas realidades, como os sons que os gatos ouvem, os cheiros que os cães sentem, e tantas outras coisas que estão construindo o que vivemos, mas não percebemos como parte de nossa “realidade”. Continuamos coletivamente esquizofrênicos...
Camila Sousa de Almeida