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Aracaju, Sergipe, Brazil
Sou uma terapeuta ericksoniana; trabalho com Psicoterapia Breve, utilizando, sob medida para cada pessoa, técnicas de Hipnose e Arteterapia. Sou também doula: acompanho gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto. Qualquer dúvida e interesse, entre em contato! Terei o maior prazer em poder ajudar. :)

sábado, 28 de setembro de 2013

A 4m1z@de dos sonhos no mundo real

Quantas vezes havia sonhado a respeito disso ela não sabia. Não lembrava quantas vezes desejou ser chamada de amiga, da boca pra dentro. Ia pra festas, bares, reuniões na calçada; dividia um cigarro mas não deixava ninguém de fato tocar sua alma. Ela sabia que de companhia pra o que não prestava a vida não lhe privava, mas era de um amigo que sentia falta. Farta de tantas vozes, se calava, porque mesmo quando ousava mostrar alguma coisa sua, era sua máscara. No fundo sentia mais falta era de si mesma...

Pensava que no mundo deviam existir outras pessoas como ela, mas a pergunta era: como encontrá-las? Se existia a chamada lei da atração elas deveriam estar por perto... Tentava ficar alerta, mas só se frustrava.

Os novos tempos vieram, com outro conceito de realidade. Agora, podia falar muito – e muito profundo – com alguém sem nem olhar na cara! Era um novo mundo de possibilidades resgatando sua esperança: a internet, a globalização computadorizada.

Nem precisou se apressar, as redes a pescaram. A tal lei ia se concretizando abstratamente em conversas não-faladas, e as almas foram se conectando sem as peles precisarem ser tocadas. Alegria era o toque de uma mensagem recebida. Tornou-se sua música preferida. Quantas confidências desabafadas em siglas...

Foi se descobrindo unida mesmo em terras separadas. Foi percebendo que poderia ter uma noite muito mais divertida ficando em casa. Acabou conquistando através de teclas e telas a essência de uma verdadeira amizade: uma relação baseada na sinceridade.

Entendeu, por fim, que pela tela podia tê-la pra sempre. E que a tela podia ser (ou não) temporária. Como uma ponte entre duas margens de terra...


Camila Sousa de Almeida


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Bela-prima

A prima Vera era bela. Nossa, como ela era! Toda vez que eu a via, enfeitada de flores até nos pés, eu sorria. Porque sua voz era como carinho de brisa e passear com ela despenteava os cabelos, e eu adorava isso. Estar com ela era, mais do que “estar são”, como uma nova Era.

Mas ela só vinha de tempos em tempos, sempre na mesma época. Então eu bolei um plano para tê-la pra sempre: uma coisa minha que guardava eu iria lhe dar. Então ela veio, como sempre. Minto, veio diferente; melhor do que antes e pior do que seria. E como planejado, meu presente eu lhe dei: um beijo dado como o orvalho às folhas-meninas.

Mas primeiro senti seu cheiro perfumado e toquei seus cabelos de fios dourados. Olhei profundo em seus olhos e vi lá dentro meu presente sendo desejado. Assim eu nunca tinha olhado. Só quando olhei que vi que olhava assim pra mim...

Depois que meus lábios nos seus lábios rosa tocaram, eu pude sentir o coração tranquilo e acelerado. Mas como pode tão diferentes e juntos em vez de separados? A resposta veio com o número de luas exato. Prima Vera foi embora sem nunca mais ir embora de verdade. No sol ou na chuva, comigo estava, porque no meu coração fez um milagre...

Agora fico imaginando se, como eu a vi, outros verão...


Camila Sousa de Almeida
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