A prima Vera era bela. Nossa,
como ela era! Toda vez que eu a via, enfeitada de flores até nos pés, eu
sorria. Porque sua voz era como carinho de brisa e passear com ela despenteava os
cabelos, e eu adorava isso. Estar com ela era, mais do que “estar são”, como uma
nova Era.
Mas ela só vinha de tempos em
tempos, sempre na mesma época. Então eu bolei um plano para tê-la pra sempre:
uma coisa minha que guardava eu iria lhe dar. Então ela veio, como sempre.
Minto, veio diferente; melhor do que antes e pior do que seria. E como
planejado, meu presente eu lhe dei: um beijo dado como o orvalho às folhas-meninas.
Mas primeiro senti seu cheiro
perfumado e toquei seus cabelos de fios dourados. Olhei profundo em seus olhos
e vi lá dentro meu presente sendo desejado. Assim eu nunca tinha olhado. Só
quando olhei que vi que olhava assim pra mim...
Depois que meus lábios nos seus lábios
rosa tocaram, eu pude sentir o coração tranquilo e acelerado. Mas como pode tão
diferentes e juntos em vez de separados? A resposta veio com o número de luas
exato. Prima Vera foi embora sem nunca mais ir embora de verdade. No sol ou na
chuva, comigo estava, porque no meu coração fez um milagre...
Agora fico imaginando se, como eu
a vi, outros verão...
Camila Sousa de Almeida
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