A criança aprende “as verdades” sobre
o mundo e sobre si mesma com os exemplos vivos, vividos e presenciados. Um potencializador
de aprendizados infantis é a brincadeira, que não é apenas coisa de criança,
mas também de ex-crianças, que continuam crescendo... É na espontaneidade de
uma piada que as crenças sobre o mundo são transmitidas e perpetuadas.
No trânsito, se alguém comete um
ato considerado burro ou desajeitado, o pai faz o comentário “é mulher!”. E
isso não acontece uma, nem duas, nem três vezes... Sobre homens isso nunca é
dito.
Se a empregada não acerta fazer
direito a comida ou lavar a roupa adequadamente é motivo de chacota, pois “não
se faz mais mulher como antigamente” ou senão “você não é mulher não?!”.
Se os preços dos alimentos no
supermercado aumentam constantemente e é necessário pagar mais pelo mesmo de
sempre, isso não tem nada a ver com o sistema ou o governo, é porque “mulher
gasta muito e adora pegar mais dinheiro”.
Claro, não se fala isso sério, apenas
se leva com bom humor as diferenças culturais entre os gêneros. Não importa se
alguém está se magoando ao ser constantemente depreciado, o que importa é não
perder a piada! Que nem os meninos na escola que se divertem chamando os outros
de “quatro-olhos” ou “rolha-de-poço”, não é?! Pois é, mulheres de todas as
idades estão sofrendo todos os dias o que se chama de bullying. Porque, pra
quem faz, não é violência. Só pra quem está fazendo mesmo...
Se pra você que está lendo serviu
a carapuça, de que adianta pagar terapia para sua filha ou esposa, ou quem sabe
ser o próprio terapeuta, querendo melhorar a baixa autoestima de suas clientes,
se na rua e em casa você está brincando de depreciar as mulheres da sua vida?
Felizmente, mulheres crescem e podem
deixar de acreditar em mentiras.
Camila Sousa de Almeida