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Aracaju, Sergipe, Brazil
Sou uma terapeuta ericksoniana; trabalho com Psicoterapia Breve, utilizando, sob medida para cada pessoa, técnicas de Hipnose e Arteterapia. Sou também doula: acompanho gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto. Qualquer dúvida e interesse, entre em contato! Terei o maior prazer em poder ajudar. :)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Longe é um lugar que não existe


Li recentemente dois textos que me chamaram a atenção: um falando sobre “empatia e o fim das touradas"; e outro sobre um movimento de mães de LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros). No primeiro, é citado um estudo que chegou à conclusão de que o fator que mais aumentava a empatia por animais era ter (ou já ter tido) algum bicho de estimação, enquanto ter crianças em casa aumentava a empatia por humanos. 

O segundo texto trazia o depoimento de uma mãe: “minha maior alegria no processo de reconhecer meu filho gay foi que me tornei uma pessoa melhor. Se eu não tivesse um filho gay eu ainda seria preconceituosa como eu era. Quando você trabalha para diminuir um preconceito, automaticamente está diminuindo todos os demais. Eu me tornei uma pessoa melhor, e fico feliz com isso.”

A conjunção dos dois deixa claro o quanto a convivência e/ou proximidade com determinado tema tem o poder de transformar a atitude de alguém a respeito do mesmo. Mas, levando em conta que tudo aquilo que é rejeitado pela sociedade costuma ser escondido até dos próprios familiares, não é difícil chegar à conclusão de que todo mundo tem uma grande probabilidade de conviver com alguém que é (ou tem possibilidade de ser) marginalizado, seja por orientação sexual ou não. 

E essa marginalização já começa dentro da família, justamente por essas pessoas não se sentirem seguras o suficiente para se abrir. Enquanto fala dos “filhos dos outros”, o seu próprio filho pode estar a fazer (ou ser) aquilo que você costuma criticar. As pessoas são muito diferentes, mesmo tendo o mesmo sangue. O exercício do respeito às diferenças já se faz necessário dentro de nossas próprias casas e, assim sendo, torna-se uma conseqüência ser aplicado àquele que passa do outro lado da calçada. 

Talvez o que separe você dessa mãe do relato seja simplesmente descobrir. Talvez o longe não exista. Se só podemos dar o que temos, também se vê o que se tem... Abrir os olhos é fácil. Vamos abrir mais a mente e o coração!

Camila Sousa de Almeida

Preto no branco



Começo esses traços negros no papel com a vontade de escrever coisas bonitas. Mas a vida não é feita de certezas. O que julgamos num instante como o certo-belo é apenas um limitado reflexo. A perfeição de um dia cinza e frio nem todos sabem vivenciar internamente, mas ninguém gostaria de viver a vida inteira com o sol a lhe esquentar. 

Só sabemos apreciar o que contrasta, o que se afasta de alguma coisa que existe para podermos experimentar. Ou vivemos justamente para tudo isso. Para sermos errados e belos no erro de não encontrar esse acerto constante, no ato de ser tudo diferente. 

A gente espera o que não acontece e crê que o bom é não aceitar. Por que vivemos? Por que esteticamente perdemos o senso de dentro-encontrar? Não estando atentos à hora certa, apreciamos o que dizem de bom as palavras “não incertas”, mas despercebemos o preto da tinta que não deixou a caneta falhar... 

O texto pára por aqui. Talvez esteja incompleto... E talvez por isso possa ser, por agora, um exemplo de perfeição. 

Camila Sousa de Almeida

Ser escolhido

Jamie estava disputando um papel na peça da escola. Sua mãe me disse que tinha procurado preparar seu coração, mas ela temia que ele não fosse escolhido. No dia em que os papéis foram escolhidos, eu fui com ela para buscá-lo na escola. Jamie correu para a mãe, com os olhos brilhando de orgulho e emoção:
- Adivinha o quê, mãe!
E disse aquelas palavras que continuariam a ser uma lição para mim:
- Eu fui escolhido para bater palmas e espalhar a alegria!
 
 Desconheço o autor

Do mundo...

"Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E, embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos.
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
 
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a Sua força para que Suas flechas se projetem rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:  pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável."
 
De "O Profeta" - Gibran Khalil Gibran 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Di visão



É interessante perceber que, paradoxalmente, o que permite a união é justamente a divisão que existe entre eu e o outro. Se não houvesse tal linha divisória, não seriam dois seres distintos e, portanto, passíveis de união. Dessa forma, a diferença não existe para separar, mas sim para possibilidades criar. Os limites da sua pele que lhe permitem dar e receber o toque...

Essas linhas que dividem o dentro/fora, uma coisa de outra, entendida de forma mais abrangente ainda, nos permite organizar mentalmente a nossa vida no tempo/espaço. Todo mundo tem acontecimentos na vida que funcionam como um divisor de águas dentro de sua história pessoal; assim como o nascimento de Jesus Cristo é um marco para o calendário que utilizamos: nossas datas são “A.C.” e “D.C.” (antes ou depois de Cristo). 

Algumas pessoas decidem fazer ou percebem as mudanças tornando suas vidas diferentes em situações tidas como grandes, como um casamento, uma gravidez, uma mudança de casa ou cidade, o final de um relacionamento, uma formatura ou novo emprego. De fato, acontecimentos externos de grande relevância produzem efeitos internos grandiosos também. Mas ao observar ou esperar apenas pelo que é aparentemente maior ou mais intenso, vão passando despercebidas as mais freqüentes linhas divisórias de nossa vida que são, naturalmente, um novo começo com a possibilidade de ser diferente. 

Todo domingo começa uma nova semana. Todos os dias o sol nasce novamente. A cada minuto um ponteiro do relógio fez uma volta completa, dando tempo suficiente para alguma coisa ter acontecido. Suficiente para você fazer um telefonema importante, ou simplesmente dar um sorriso que mude uma vida, um estado de espírito. Quantas palavras transformadoras cabem nesse espaço de tempo? Sempre estamos a começar uma conversa... ao menos uma conversa interna com nós mesmos. 

Cada vez que inspira, está começando um novo ciclo respiratório, que pode ser mais profundo do que foi o anterior. Você vai esperar o quê para começar a respirar novamente?! Enquanto pensa, a transformação do ar, dentro e fora de você, já está acontecendo. E você pode perceber, saber o que quer, e fazer. O começo começa quando você começa a começar alguma coisa que você quer...

Camila Sousa de Almeida

sábado, 17 de setembro de 2011

Ponto de vista da vista do ponto


 

As mesmas coisas podem ser grandes e pequenas

Um “arranha-céu” pode ficar do tamanho de uma formiga, um ponto ou um nada, observado da janela de um avião... 

Que coisa, não?!

Camila Sousa de Almeida

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Medo: Placa de SinalizAção


Li há algum tempo sobre uma pesquisa, realizada no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, que chegou a uma descoberta: os sinais neurológicos causados por medos aprendidos e instintivos percorrem caminhos diferentes até causar reações. Isso significa que existem dois tipos de medo que, portanto, podem ser considerados de maneiras diferentes. 

Cada sentimento tem sua utilidade e sempre exerce alguma função que, no caso do medo, geralmente é protetora. Assim é com aquele tipo que coloca em prática o instinto de sobrevivência. Se um animal feroz estiver perto de você, você sentirá medo, e isso é desejável que aconteça, pois caso contrário, você não teria o impulso de se defender de um possível ataque – seja enfrentando ou fugindo da fera. Neste caso, essa sensação incômoda é uma forma de inteligência organicamente aprendida e herdada ao longo da evolução da(s) espécie(s). 

Porém, às vezes sentimos medos não baseados na “real” periculosidade daquilo que é temido. Mas, a semelhança com as sensações que causa um bicho feroz ao seu lado, dão a impressão de certeza e verdade àquelas remotas ou “impossíveis possibilidades”. Que mal uma lagartixa pode fazer a você? Que função esse tipo de medo exerce dentro da sua vida? Você aprendeu a criar em seu corpo sensações baseadas em falsos motivos... Você já assistiu filmes de terror?

Se você aprendeu a ter medo, muitas coisas você aprendeu. E aprender é algo que você pode fazer sempre. Podemos aprender uma palavra em uma língua estrangeira. Eu não sei se ela faz um caminho diferente no seu cérebro para você a entender, mesmo tendo o mesmo significado da palavra que você sempre soube compreender. São duas palavras diferentes, sendo uma só. Como pode ser? 

A fuga é um dos caminhos que aprendemos a fazer ao ter medo de algo, através do instinto. Acabamos levando esse aprendizado aos medos aprendidos. Repetimos um caminho; mas os diferentes medos não repetem. Cada um segue a sua própria trilha. Será que podemos aprender com eles a não seguir o mesmo caminho? Eles nos ensinam... eles aprenderam e podemos aprender com eles. Podemos fazer caminhos diferentes. Os pés que fogem podem também se aproximar; ir, vir, voltar... E ninguém nasceu já sabendo caminhar...

Camila Sousa de Almeida

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Como chegar lá


Eugênia encontrou João em frente a uma pizzaria que costumava frequentar. Ele sugeriu que ela saísse da rotina de que estava acostumada e provasse a nova pizza da cidade, confiante de que ela iria gostar. Eugênia aceitou a sugestão e pediu que ele a orientasse como chegar lá. João explicou o caminho em detalhes, dando pontos de referência por onde ela passaria no trajeto. Só que ele ensinou como chegar lá indo pelo outro lado da cidade, o oposto em que Eugênia estava. Ela tentou avisar: “não vou passar por aí”. João ouviu, mas não escutou; continuou a explicar partindo do mesmo ponto de vista... talvez, quem sabe, aquele fosse o único caminho que ele conhecia. Eugênia, então, ouviu tudo pacientemente e, percebendo as diferenças entre o que ele dizia e ela sabia, foi internamente fazendo as adaptações necessárias para chegar lá saindo de onde estava... e chegou lá tranquilamente. 

Camila Sousa de Almeida


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