As rugas da flacidez de hoje denunciam a força antes colocada em prática. Quão belo é o corpo de um ser humano idoso! Uma delicadeza conquistada na pele que se tornou fina; uma maciez agradável ao toque daquele que realmente se aproxima. É bom tocar uma mão que muito acariciou. Os olhos tanto dizem... Aprenderam o ofício da boca, pois sem saber palavrear tudo o que sentem, falam ao calar. E até mesmo assim, gritam – pedindo o que acham que já não podem dar.
Parece que as mudanças vêm anunciando morte, antecipando precipitadamente um luto, mas o que eu vejo é um acúmulo de vitórias. Exatamente isso. Seguindo em direção ao cume, onde as conseqüências dessas conquistas trarão o grande alívio que se sente quando se conclui que, somadas todas as experiências, viveu a vida satisfatoriamente. Olhar para trás e enxergar diferente é um renascimento. Toda perda trouxe um ganho.
E antes do auge outros alívios estão disponíveis, constantemente, enquanto há respiração; enquanto há a possibilidade de soltar o ar e deixar ir tudo o que precisa ir embora. Há muitas formas de fazer isso; várias formas de respirar. No fim, acaba o que tem que acabar, junto com um ciclo. E isso significa que um novo acaba de começar...
Camila Sousa de Almeida
Gostei desse olhar sobre a velhice, essa palavra que de tão mal-usada parece até algo ruim.
ResponderExcluirBjo