Ser normal é enquadrar-se no grupo da maioria, é estar contido nas estatísticas mais abrangentes, é compartilhar dos costumes e aparências mais comumente observáveis. Em se tratando de saúde mental percebo que hoje em dia cada vez mais se usa o termo ‘típico’ e ‘atípico’ em substituição a ‘normal’ e ‘anormal’, mas não é só esse campo que opera mudanças, muitos outros também se valem de novas denominações para provocar a REleitura de velhos conceitos.
À primeira vista pode parecer que nada mudou, porém a análise dos termos permite notarmos que o caráter das colocações muda completamente na medida em que abandonam o teor qualitativo pelo quantitativo. Assim, ser normal ou anormal implica necessariamente num julgamento, estes nomes classificam implicitamente o indivíduo em bom ou ruim. Já o típico e atípico se referem à frequência em que são vistos, sem trazerem arraigados a si qualquer tipo de hierarquia ou valor.
A todo instante as nomenclaturas utilizadas pela sociedade mudam e não é por acaso, poucos se dão o trabalho de interpretar o que falam, apenas perpetuam a mudança sem observar a inovação semântica. Alguns, inclusive, nem se dão ao trabalho de mudar, permanecem engessados nos termos antiquados e carregados de valores inadequados.
Fico feliz, muito feliz, a cada leitura que faço e leio sobre o desenvolvimento atípico na infância, sobre o comportamento atípico nos portadores de determinado transtorno. Em seguimento a esses textos quase sempre se discute as formas de tratamento com relação a essas pessoas, as maneiras de tratá-las e garantir-lhes qualidade de vida. E isso não se fazia no tempo em que eram classificados em normais e anormais, a discussão se encerrava nesse ponto como se por acaso os anormais não tivessem chance de progredir. A anormalidade era um decreto, o desenvolvimento atípico é um novo caminho, diferente.
Então por meio dessa análise eu tento abrir os olhos de quem ainda pensa que a mudança de uma palavra por outra não carrega profundas transformações no entendimento do comportamento humano. Pra você que acha que deficiente e aleijado são a mesma coisa, que caduco e idoso são sinônimos, diria que precisa prestar atenção ao sentido implícito em cada palavra que diz. Atente para o que fala, pois as mudanças não ocorrem em vão e quem não as compreende é porque não lê a respeito nem participa das mudanças ideológicas por trás de uma ‘simples’ mudança de termo.
Ricardo Senna
Fonte: http://mente-hiperativa2.blogspot.com.br/2012/10/novos-termos-que-carregam-novas-ideias.html
hehehe gostei da adaptação do título, ficou ótimo pois manteve perfeitamente o sentido, porém de uma forma sintética e estilizada. BJO
ResponderExcluir;)
ResponderExcluir