Na época de Drummond tinha uma
pedra no meio do caminho. Hoje, quando caminho, encontro buracos. Muitos, por
todos os lados! Passo por uma banca de revistas e vejo uma manchete de jornal: “Pai
estupra filha em pleno dia das crianças!” Como?! Quer dizer que se fosse outro
dia do ano seria menos absurdo??? Como diz um velho amigo, é uma falta de
absurdo... Antes a pedra do que a falta dela, ou seja, o buraco.
Por que somos bons atletas quando
se trata de fugir do esforço? Ficamos acomodados quando temos à disposição um
carro; esquecemos que temos pernas! Elas existem, e se existem, não é por
acaso. E não é porque sejam vingativas não, mas se não lembrarmos muito delas,
elas também nos esquecerão; com razão de não fazer questão de serem boas na
hora que a gente precisar de uma forcinha. Beber ou comer algo estragado nos faz
passar mal, mas vômito não é castigo; é a natureza seguindo sua ordem em busca
da natural harmonia.
Nesse trecho de menos de meia
hora de caminhada senti que é muito menos arriscado não desviar do catador de
lixo bêbado do que do estranho engravatado. Porque, como concluiu meu primo em
sua sabedoria, é melhor ter certeza de uma verdade feia, é melhor uma sincera
futilidade... Perigoso é não saber. Pior é a incerteza do que o outro pensa e
quer de você.
A falta, o escondido, o comodismo
e outras barbaridades modernas são reflexos de alguma coisa que estamos
chamando de sociedade. Na realidade o que parece é que nos tornamos sócios
falidos de uma catástrofe natural encomendada. Mas, felizmente, pernas também
fazem pensar. As danadinhas sempre nos levam a algum lugar...
Camila Sousa de Almeida
Engraçado, estou escrevendo sobre o andar, o caminhar, lembrei dos pés, mas esqueci das pernas!Mas talvez seja meio caminho andado...
ResponderExcluir=)
Tudo começa pelo começo... =)
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