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Aracaju, Sergipe, Brazil
Sou uma terapeuta ericksoniana; trabalho com Psicoterapia Breve, utilizando, sob medida para cada pessoa, técnicas de Hipnose e Arteterapia. Sou também doula: acompanho gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto. Qualquer dúvida e interesse, entre em contato! Terei o maior prazer em poder ajudar. :)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

ObservAções

Trabalho numa clínica muito aconchegante, com um ambiente que mistura agradavelmente seres humanos, animais, vegetais e minerais. É interessante observar como algumas pessoas chegam até aqui e apenas aguardam sua vez, ou apenas olham de longe as diferentes partes do ambiente, sem se aproximar. Podemos observar, durante o processo de terapia, as pessoas começarem a explorar o espaço disponível... e, gradativamente (ou não), aprendendo a aproveitar mais as possibilidades oferecidas aqui e agora...
Observei isso acontecer com um cliente, que costumava esperar a hora sentado no sofá, do lado de dentro... Um dia, esteve a admirar o jardim; as plantas nas suas diversas formas e cores, o modo que as mesmas estavam presentes... Ele observava e respirava aquele ambiente à frente.
De repente, ouviu um miado bem distante, aparentemente. Não tinha a percepção de que o som que ouvia se tornava mais próximo ainda. Pensou, no início, que o gato estava longe, na porta de entrada da clínica, quando o animal passou por ele. Achou que o miado vinha da rua, mas para sua surpresa, o gato passou a miar próximo do despreocupado ouvinte. Ao notar que o felino não estava tão distante quanto pensava, alegrou-se! Refletiu como a percepção física humana pode se enganar...
Enquanto o gato “caminhava” lentamente, fechando os olhos, com um miado tranqüilo, ele foi percebendo a ondulação... A coloração dos pêlos alaranjados e, aparentemente, macios... Com traços fortes, grossos, de laranja no corpo e, em sua maioria, pelagem clara... Um degradê de laranja – indo da cor mais clara para mais escura...
O simpático bichinho subia os degraus de uma pequena escada do quintal, onde se encontrava um jardim. Lentamente, com serenidade, expressados pelos miados e olhar um tanto sonolento, como de um bichinho que acabara de acordar... Pisando firme e tranqüilo, como quem valoriza cada patada dada...
Miando, abrindo e fechando os olhos num modo natural de ser e agir, foi de encontro a uma plantinha e decidiu comer suas folhas. Um gato, um animal carnívoro, comendo uma planta... Algo interessante de ver...
A tranquilidade e os miados do felino eram como o ar que respiramos, naturais com a harmonia da natureza... O gatinho, a vegetação e o observador estavam todos inclusos, em equilíbrio com o jardim... Tudo podia ser e estar na beleza daquele universo.
Entretanto, o simpático gato não estava satisfeito com as folhas que comera. Decidiu se alimentar de um vegetal maior, e deste quis arrancar o caule. Tentou uma, duas, três e mais vezes... Pois bem, a planta ficou inteira, mas toda babada. A baba do gato, gosmenta e pegajosa, escorria sobre toda a planta, calma e lentamente, como o modo o dono... Um gato “babão” e faminto por plantas; foi o primeiro que ele pôde ver.
Após isso foi percebendo a aparência do bichano: um leão ou tigre, num porte menor, com algumas similaridades... À primeira vista, ele lembrara um pequeno leão, devido ao focinho e outros detalhes... Um corpo de tigre, com a liderança de um de leão... Mas nada carnívoro o destemido gato. Veio então à sua mente um desenho animado, os Thundercats, que eram gatos com forma humana, personificados. Era visível o quanto o sereno miador tinha “traços” daqueles animais.
Naquele instante um pássaro pousou num galho alguns centímetros acima do gato. Ficou um tempinho olhando o local... Achou que, de tanto olhar, percebeu o miador e voou para um muro alto do jardim, longe de qualquer investida do gato. Que continuou no jardim, agora sem miar...

Camila Sousa de Almeida e J.A.G.


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