Trabalho numa clínica muito aconchegante, com um ambiente que mistura agradavelmente seres humanos, animais,
vegetais e minerais. É interessante observar como algumas pessoas chegam até
aqui e apenas aguardam sua vez, ou apenas olham de longe as diferentes partes
do ambiente, sem se aproximar. Podemos observar, durante o processo de terapia,
as pessoas começarem a explorar o espaço
disponível... e, gradativamente (ou
não), aprendendo a aproveitar mais as possibilidades oferecidas aqui
e agora...
Observei isso acontecer com um
cliente, que costumava esperar a hora sentado no sofá, do lado de dentro... Um
dia, esteve a admirar o jardim; as
plantas nas suas diversas formas e cores, o modo que as mesmas estavam presentes... Ele observava e respirava
aquele ambiente à frente.
De repente, ouviu um miado bem
distante, aparentemente. Não tinha a percepção de que o som que ouvia se
tornava mais próximo ainda. Pensou, no início, que o gato estava longe, na
porta de entrada da clínica, quando o animal passou por ele. Achou que o miado
vinha da rua, mas para sua surpresa,
o gato passou a miar próximo do despreocupado ouvinte. Ao notar que o felino
não estava tão distante quanto pensava, alegrou-se! Refletiu como a percepção
física humana pode se enganar...
Enquanto o gato “caminhava” lentamente, fechando os olhos, com um
miado tranqüilo, ele foi percebendo a ondulação... A coloração dos pêlos
alaranjados e, aparentemente, macios... Com traços fortes, grossos, de laranja
no corpo e, em sua maioria, pelagem clara... Um degradê de laranja – indo
da cor mais clara para mais escura...
O simpático bichinho subia os degraus
de uma pequena escada do quintal, onde se encontrava um jardim. Lentamente, com serenidade, expressados
pelos miados e olhar um tanto sonolento, como de um bichinho que acabara de
acordar... Pisando firme e tranqüilo, como quem valoriza
cada patada dada...
Miando, abrindo e fechando os
olhos num modo natural de ser e agir, foi de encontro a uma
plantinha e decidiu comer suas folhas. Um gato, um animal carnívoro, comendo
uma planta... Algo interessante de ver...
A tranquilidade e os miados do felino eram como o ar que
respiramos, naturais com a harmonia da natureza... O gatinho, a vegetação e
o observador estavam todos inclusos, em
equilíbrio com o jardim... Tudo podia ser e estar na beleza daquele universo.
Entretanto, o simpático gato
não estava satisfeito com as folhas que comera. Decidiu se alimentar de um
vegetal maior, e deste quis arrancar o caule. Tentou uma, duas, três e mais
vezes... Pois bem, a planta ficou inteira, mas toda babada. A baba do gato,
gosmenta e pegajosa, escorria sobre toda a planta, calma e lentamente, como o modo o dono... Um gato “babão” e faminto por
plantas; foi o primeiro que ele pôde ver.
Após isso foi percebendo a aparência do bichano: um
leão ou tigre, num porte menor, com algumas similaridades... À primeira vista,
ele lembrara um pequeno leão, devido ao focinho e outros detalhes... Um corpo
de tigre, com a liderança de um de leão... Mas nada carnívoro o destemido gato.
Veio então à sua mente um desenho animado, os Thundercats, que eram
gatos com forma humana, personificados. Era visível o quanto o sereno miador
tinha “traços” daqueles animais.
Naquele instante um pássaro
pousou num galho alguns centímetros acima do gato. Ficou um tempinho olhando o
local... Achou que, de tanto olhar, percebeu o miador e voou para um muro alto
do jardim, longe de qualquer investida do gato. Que continuou no jardim, agora
sem miar...
Camila Sousa de Almeida e
J.A.G.
Pois é, como é bom se abrir e estar atento ao presente...muitos presentes recebemos! :)Bjos!
ResponderExcluir;) Bjos!
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