Sabemos que podemos prejudicar
alguém não só pelos atos que praticamos, mas também pela negligência do que não
fazemos ou não falamos. Por isso estou a escrever.
Tive a oportunidade de ouvir
algumas vezes, das próprias pessoas que se preparavam ou já haviam realizado
uma cirurgia bariátrica, depoimentos sobre os procedimentos pré-operatórios que
me deixaram preocupada com o funcionamento, que me pareceu comum, da “avaliação
psicológica” dentro desse contexto específico.
Em primeiro lugar, muitos pacientes
vão ao psicólogo (da equipe do cirurgião, obrigatoriamente) com o objetivo de
enganar o profissional, para que ele não alongue o processo e/ou não impeça a
cirurgia, avaliando-o como não preparado para tal. Mentem e tentam fingir
maturidade, esclarecimento e equilíbrio para conseguirem o mais rápido possível
o que querem: a autorização para a cirurgia.
O psicólogo, por sua vez, parece não
atentar para tais sutilidades – ou finge que não percebe (o que eu prefiro não acreditar
que aconteça), dando o seu aval após duas sessões – ou pouco mais que isso – com
um paciente até então desconhecido. Será que em poucos encontros de
determinados minutos conheceu?
Uma situação tão séria e delicada
que, se não compreendida e bem elaborada, tanto mental quanto emocionalmente,
pode levar à morte, não pode de maneira alguma ser tratada desse jeito. Pessoas
que se submetem a esse tipo de cirurgia não podem de jeito nenhum extrapolar os
seus limites – que mudaram radicalmente, quase que do dia pra noite. Algumas
pessoas, que não tiveram o devido acompanhamento psicológico (antes, durante e
depois), não conseguem se controlar e morrem por causa disso. Você pode
pesquisar, acontece.
Nossos comportamentos são gerados
por um misto de nossa vontade consciente com nossas tendências/inclinações
inconscientes. A presença de impulsos que não conseguimos controlar intencionalmente,
com esforço, indicam a necessidade de um trabalho psicoterapêutico que ajude a
transformar a condição emocional em que tais impulsos existem e se manifestam.
Quando não é conseqüência de
algum distúrbio orgânico, a obesidade costuma ser coadjuvante da ansiedade e não
raro é conseqüência de algum vazio emocional que a pessoa tenta preencher com a
ingestão de alimentos. Portanto, é preciso mexer em muito mais do que no corpo.
Um psicólogo não resolverá os seus problemas, apenas vai lhe ajudar a resolvê-los; da mesma forma, uma operação de redução de estômago e similares apenas vai facilitar mudanças que você quer, precisa fazer e vai depender de você...
Um psicólogo não resolverá os seus problemas, apenas vai lhe ajudar a resolvê-los; da mesma forma, uma operação de redução de estômago e similares apenas vai facilitar mudanças que você quer, precisa fazer e vai depender de você...
Camila Sousa de Almeida
Como diz o Capitão Planeta: "o poder é de vocês!!"
ResponderExcluirInformação valiosa!!
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