Imaginando coisas
Um
homem queria pendurar um quadro. Já tinha o prego, só faltava o
martelo. O vizinho tinha um martelo, e o nosso homem resolveu pedi-lo
emprestado. Mas ficou com a dúvida: “E se o vizinho não me
quiser emprestar o martelo? Ontem ele cumprimentou-me de forma muito
seca. Talvez estivesse com pressa. Mas isso devia ser só uma desculpa.
Ele deve ter alguma coisa contra mim. Mas porquê? Eu não fiz nada!
Ele deve estar imaginando coisas. Se alguém me pedisse emprestada
alguma ferramenta minha eu emprestaria imediatamente. Porque será que
ele não me quer emprestar o martelo? Como é que alguém pode recusar um
simples favor desses a um semelhante? Gente dessa laia só complica a
nossa vida. De certeza que, ele imagina que eu dependo dele só porque
ele tem um martelo. Mas, já chega!” E correu até ao apartamento do
vizinho, tocou à campainha, o vizinho abriu a porta. Mas antes que
pudesse dizer "Bom Dia", o nosso homem berrou: "Pode ficar com o seu martelo, seu imbecil!"
Paul Watzlawick
Prática orquestrada e executada perfeitamente por inúmeros indivíduos cotidianamente em algum número entre a quantidade de execuções eletrônicas da 9ª Sinfonia de Beethoven e a quantidade de recepções da musiquinha do Jornal Nacional.
ResponderExcluirAs pessoas criam seu próprio filme com suas próprias noções de sonoplastia, fotografia e direção e automaticamente se colocam como os atores principais, mas não acham por bem que os outros simplesmente assistam, fazem questão que os outros participem como figurantes e coadjuvantes. Só esquecem de dizer que é um filme e portanto nem repassam o texto e as marcações de cenário para o elenco!
Apesar que todas as aparências levem a crer que isto é mais uma nuance do superdimensionamento do Ego, a verdade é que não passa de mais um cortejamento libidinoso do Id.