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Aracaju, Sergipe, Brazil
Sou uma terapeuta ericksoniana; trabalho com Psicoterapia Breve, utilizando, sob medida para cada pessoa, técnicas de Hipnose e Arteterapia. Sou também doula: acompanho gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto. Qualquer dúvida e interesse, entre em contato! Terei o maior prazer em poder ajudar. :)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Adapta a ação



Quando a gente cai e se machuca percebe que tem partes de nós mais frágeis do que pensamos. E partes mais fortes ainda. Por exemplo: uma perna que não aguenta uma pancada e outra que aguenta fazer tudo pelas duas. Que ironia! A gente percebe, quando sai da nossa vida rotineira, como é a vida do outro que tem essas dificuldades como rotina. Percebe que é muito bom poder buscar um copo d’água sozinha. E esse é um prazer que não aproveita quem só quer aproveitar a preguiça. Adaptação é uma delícia. É poder tomar banho sentada embaixo do chuveiro e lembrar da sensação do banho de cachoeira... Se brincar, vicia.


Camila Sousa de Almeida

sábado, 16 de novembro de 2013

O centro

Não importa quanto barulho o mundo faça ao seu redor, só é capaz de lhe perturbar o que te inquieta por dentro. Também por isso não adianta o silêncio de uma tarde calma, esteja onde estiver... Não é um sítio longe da cidade nem uma TV desligada. Não é algo que você compre, nem que renuncie. Não é a cor da roupa que veste, nem os zeros na conta bancária. Eles podem estar na direita ou na esquerda... O que importa é o centro. Quando achar, você vai saber e reconhecer... 

Camila Sousa de Almeida


domingo, 3 de novembro de 2013

Qual idade de vida

Foi engraçado, hoje me vi adulta quando me peguei tomando cafezinho. Principalmente porque o tinha desejado. Quando pequena só via fazer isso gente grande... Mas fico feliz por minha criança porque, mesmo depois de ter crescido, não me obrigo a usar terno e gravata nem salto alto, e nem desejo nada disso. Fico feliz por ter preservado, diferente de muita gente, uma ótima vista. Não porque não uso óculos, mas porque enxerguei os passarinhos andando em cima dos carros. E porque achei isso “massa” e lindo. A minha criança agradece eu ter saído do ambiente fechado do trabalho pra tentar ver o eclipse. E sente prazer com o friozinho do tempo nublado, em paradoxo com o fato de não fazer questão de ar-condicionado. Minha criança se orgulha de escolher como meio de transporte a bicicleta. Ela se diverte, se fortalece e se exercita. Gosta de escrever tentando rimar, pra fazer poesia. Com isso concluo que, felizmente, minha criança não só aqui dentro vive; mas está ajudando o meu adulto a ter qualidade de vida.


Camila Sousa de Almeida


sábado, 2 de novembro de 2013

Os bichinhos

Marília tinha nascido no meio dos bichos. Convivia com gato, cachorro, papagaio, periquito. E quanto mais andava pelo seu quintal infinito, mais encontrava outros amigos: os voadores, os saltitantes, os nadadores... Todos absolutamente livres. As espécies conviviam numa harmonia que, para Marília, era tão natural quanto ela.

Quando foi viver na selva de pedra, estranhou muita coisa: água engarrafada e lacrada, fruta pegada de prateleira, cachorro vendido em loja, o povo correndo da chuva, e não com ela... Era tanta coisa diferente que ela nem sabia como chamar.

Já o povo sabia chamar Marília de muita coisa. Mas quando diziam que ela era um bicho-do-mato, ela sorria saudosa. Quando riam dos seus pés descalços, ela pensava que devia ser aquilo uma pessoa chamada de invejosa. Toda aquela malícia dos homens das pedras só a pureza da mata conseguia matar.

E como uma floresta que se multiplica pelas sementes que caem na terra, a fértil Marília pegou-se a engravidar. Gestando em seu ventre uma nova existência cor de verde-esperança, ela naturalmente deu à luz em meio às águas limpas que ainda restavam naquele lugar.

Não tardou a tentarem mais uma vez desmatar seu peito: “seu filho parece um macaco!”. Marília, sábia como as folhas de uma árvore que transformam o que vem de fora em algo que lhe é útil, ficou muito alegre com um comentário tão divino! Serena e orgulhosa, ficou lembrando do quanto admirava aqueles bichos...

Camila Sousa de Almeida


terça-feira, 29 de outubro de 2013

E eles viveram felizes para sempre

E eles viveram felizes para sempre. Seja lá quando isso for. Assim acaba essa história. Porque tudo o que começa acaba. Murilo teve sua primeira visão quando nasceu: vislumbrou sua morte, de infarto, debruçado numa janela. Abriu o berreiro. E nunca se esqueceu dessa visão, estranhamente.

Mais tarde, na infância, os filmes o entediavam: nos créditos iniciais já sabia que o casal viveria feliz para sempre. Os filmes de comédia não tinham mais graça e os de suspense não davam susto. Desistiu de assistir "Lost" no primeiro capítulo.

Tornou-se um sujeito tímido, introvertido. Bastava que fizesse um novo amigo para que antevisse o momento em que eles romperiam ou a morte de um dos dois. Beber era difícil. No primeiro gole, visualizava a ressaca.

Um dia, apaixonou-se à primeira vista. Foi travar uma conversa. Imediatamente a viu horrenda, assinando os papéis do divórcio. E isso aconteceu repetidas vezes: viu uma dando um tiro no peito, outra comprando passagens de ônibus só de ida para Friburgo. Murilo foi, pouco a pouco, se afastando da companhia das pessoas, para não ter que começar nada que tivesse que acabar. E viveu um tempo longo em que nada começou.

Até que a visão de sua morte, tão jovem, começou a assombrá-lo. Podia acontecer a qualquer momento. Murilo se olhou no espelho e viu que ele estava se transformando no homem da sua visão: tinha engordado um pouco. Perdeu cabelo.

Não demorou muito para que ele percebesse que era melhor viver as coisas sabendo do final delas do que não viver nada. E redescobriu o prazer de viver o miolo das coisas. Passou a tentar adivinhar como é que as coisas chegariam a ser o que ele já sabia que elas se tornariam. Percebeu o quão pouco importam o começo e o final: o barato está, pensou ele, em como é que uma coisa vai dar na outra. Fez novos amigos, conheceu mulheres, se apaixonou algumas vezes. E a história poderia acabar aqui, com nosso protagonista aprendendo a viver um dia de cada vez, encarando com tranquilidade a finitude das coisas. Mas não foi bem assim, como sabemos.

Certo dia, numa praça, viu uma mulher linda e resolveu puxar conversa. E disse "Opa", como quem diz "Oi". E parou por aí, espantado. Porque não viu final nenhum. Ficou aflito. "Que é que houve?", disse ela. "Não tem final", disse ele. "O quê?", disse ela. "Nossa história", disse ele. "Não tem final." "Mas precisa ter?", disse ela. "Não, não precisa", disse ele. "Não precisa."

E eles viveram felizes para sempre. Seja lá quando isso for.

Gregorio Duvivier


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Ponto a ponto


Aprenda a costurar: pra dentro, pra fora, pra dentro, pra fora, pra dentro, pra fora, pra dentro... Os nós começam e terminam.

Camila Sousa de Almeida



domingo, 27 de outubro de 2013

Reflexões de um botão

Era um peixe. Era, de fato, uma vontade de nadar. Mas ele voava no ar, sobre as coisas da terra. Não havia espaço onde ele não pudesse ir, afinal era livre da necessidade de líquidos para fluir. Tudo isso fazia um grande sentido, apesar de esdrúxulo e inigualável no mundo das espécies aquáticas, que era o mundo dos terráqueos. Todo mundo no mundo sabe nadar, e quando não sabe, nada. Nada mesmo. Nenhuma invenção humana superaria tamanha patacoada que a de um peixe que não nadava na água.

Camila Sousa de Almeida

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O jardineiro

“O que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem”. 

Rubem Alves 


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Eis o ser humano





No coração tece o sentir,
Na cabeça luze o pensar,
Nos membros vigora o querer.

Luzir que tece,
Tecer que vigora,
Vigorar que luze:
Eis o ser humano.



Rudolf Steiner

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Silenciando



Um guarda-roupa entreaberto, um par de sapatos no meio do quarto; denunciando a preguiça de quem chegou à noite em casa depois de todo um dia de trabalho. E o silêncio. O silêncio de quem não quer ligar a TV nem ouvir música. O silêncio de quem ouve o som dos carros passando na rua. Aquele silêncio de quem se pergunta: onde eu perdi isso? Na adolescência, na melancolia finda? Uma cama se torna mais macia quando aproveitamos ainda acordados. Quando sinto, é pra mim que tudo isso existe. É que a gente escuta melhor muita coisa no silêncio de uma luminária...


Camila Sousa de Almeida

sábado, 28 de setembro de 2013

A 4m1z@de dos sonhos no mundo real

Quantas vezes havia sonhado a respeito disso ela não sabia. Não lembrava quantas vezes desejou ser chamada de amiga, da boca pra dentro. Ia pra festas, bares, reuniões na calçada; dividia um cigarro mas não deixava ninguém de fato tocar sua alma. Ela sabia que de companhia pra o que não prestava a vida não lhe privava, mas era de um amigo que sentia falta. Farta de tantas vozes, se calava, porque mesmo quando ousava mostrar alguma coisa sua, era sua máscara. No fundo sentia mais falta era de si mesma...

Pensava que no mundo deviam existir outras pessoas como ela, mas a pergunta era: como encontrá-las? Se existia a chamada lei da atração elas deveriam estar por perto... Tentava ficar alerta, mas só se frustrava.

Os novos tempos vieram, com outro conceito de realidade. Agora, podia falar muito – e muito profundo – com alguém sem nem olhar na cara! Era um novo mundo de possibilidades resgatando sua esperança: a internet, a globalização computadorizada.

Nem precisou se apressar, as redes a pescaram. A tal lei ia se concretizando abstratamente em conversas não-faladas, e as almas foram se conectando sem as peles precisarem ser tocadas. Alegria era o toque de uma mensagem recebida. Tornou-se sua música preferida. Quantas confidências desabafadas em siglas...

Foi se descobrindo unida mesmo em terras separadas. Foi percebendo que poderia ter uma noite muito mais divertida ficando em casa. Acabou conquistando através de teclas e telas a essência de uma verdadeira amizade: uma relação baseada na sinceridade.

Entendeu, por fim, que pela tela podia tê-la pra sempre. E que a tela podia ser (ou não) temporária. Como uma ponte entre duas margens de terra...


Camila Sousa de Almeida


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Bela-prima

A prima Vera era bela. Nossa, como ela era! Toda vez que eu a via, enfeitada de flores até nos pés, eu sorria. Porque sua voz era como carinho de brisa e passear com ela despenteava os cabelos, e eu adorava isso. Estar com ela era, mais do que “estar são”, como uma nova Era.

Mas ela só vinha de tempos em tempos, sempre na mesma época. Então eu bolei um plano para tê-la pra sempre: uma coisa minha que guardava eu iria lhe dar. Então ela veio, como sempre. Minto, veio diferente; melhor do que antes e pior do que seria. E como planejado, meu presente eu lhe dei: um beijo dado como o orvalho às folhas-meninas.

Mas primeiro senti seu cheiro perfumado e toquei seus cabelos de fios dourados. Olhei profundo em seus olhos e vi lá dentro meu presente sendo desejado. Assim eu nunca tinha olhado. Só quando olhei que vi que olhava assim pra mim...

Depois que meus lábios nos seus lábios rosa tocaram, eu pude sentir o coração tranquilo e acelerado. Mas como pode tão diferentes e juntos em vez de separados? A resposta veio com o número de luas exato. Prima Vera foi embora sem nunca mais ir embora de verdade. No sol ou na chuva, comigo estava, porque no meu coração fez um milagre...

Agora fico imaginando se, como eu a vi, outros verão...


Camila Sousa de Almeida

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Com Minhas Próprias Mãos

 


Eu posso mudar o mundo
Com as minhas próprias mãos
Fazer dele um lugar melhor
Com as minhas próprias mãos
Fazer o mundo um lugar mais amável
Com minhas próprias mãos
Com minhas próprias
Com minhas próprias mãos
Eu posso fazer paz na Terra
Com minhas próprias mãos
Eu posso limpar a Terra
Com minhas próprias mãos
Eu posso chegar até você
Com minhas próprias mãos
Com minhas próprias
Com minhas próprias mãos
Eu vou fazer dele um lugar brilhante
Com minhas próprias mãos
Eu vou fazer dele um lugar seguro
Com minhas próprias mãos
Eu vou ajudar a raça humana
Com minhas próprias mãos
Com minhas próprias
Com minhas próprias mãos
Eu posso segurar você
Com minhas próprias mãos
Eu posso confortar você
Com minhas próprias mãos
Mas você tem que usar
Use suas próprias mãos
Use suas próprias
Use suas próprias mãos
Com nossas próprias
Com nossas próprias mãos
Com minhas próprias
Com minhas próprias mãos

Ben Harper

quarta-feira, 31 de julho de 2013

A Majestade, o Sabiá

Lembro que quando estava fazendo o curso de hipnose um colega observou que esta música parecia estar descrevendo um transe... E não é que parece mesmo?!


Meus pensamentos
Tomam formas e viajo
Vou pra onde Deus quiser
Um vídeo-tape que dentro de mim
Retrata todo o meu inconsciente
De maneira natural
Ah! Tô indo agora
Prá um lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o Sabiá
Tô indo agora tomar banho de cascata
Quero adentrar nas matas
Aonde Oxossi é o Deus
Aqui eu vejo plantas lindas e selvagens
Todas me dando passagem perfumando o corpo meu
Está viagem dentro de mim
Foi tão linda
Vou voltar a realidade
Prá este mundo de Deus
Pois o meu eu
Este tão desconhecido
Jamais serei traído
Pois este mundo sou eu

Roberta Miranda

terça-feira, 30 de julho de 2013

A vida privada

Era só um nome e mais algumas palavras. Não, não era. E não conseguia evitar esse algo a mais. Era um rubor, uma tremedeira, eram possibilidades terríveis e, acima de tudo, pensamentos. Que transbordavam pelo suor deixando a dona do nome molhada de crenças. Um... dois... três... quatro... cinco... Passou disso, mudava a história. Era um bicho-de-infinitas-cabeças, com olhos, bocas e ouvidos, prontos para lhe perceber e pensar algo importante sobre isso. Não, não se tratava de dizer um nome e algumas palavras. Não se tratava, por isso. Por isso era um tribunal em que já entrava condenada. Era um filme de terror que só ela mesma assistia. Ah, se soubesse desde o início ser roteirista... Precisou aprender na terapia. 

Camila Sousa de Almeida



quinta-feira, 25 de julho de 2013

Eles passarão... eu passarinho!

Amigos vão embora, mas as amizades ficam. Ao longo da vida fazemos amigos, mas nunca os perdemos. Podemos perder o programa, o contato, o telefone... mas não o amigo. Porque se ele vai embora (ou você vai), vocês carregam um ao outro. Em forma de boas lembranças, de sentimentos bonitos, de presentes que continuam presentes... Se nada disso existir, nada foi perdido. Em vez de perder, você ganhou, sabe o quê? Aprendizados. Porque muitas pessoas se disfarçam, quando na realidade são aprendizados ambulantes, e andam por aí oferecendo experiências aos montes... Falando assim até parece que amigos não são aprendizados também. E como são! Aprendemos com eles desde a dar risada de piada sem graça até a reconhecer nossas faltas. E sabe o que mais ganhamos com essa perda que não existe? Amigos! Os que existem mesmo e já estão nas nossas vidas, precisando de mais de nosso tempo, e os que estão a caminho, e vão precisar também...

Camila Sousa de Almeida

Um sol lindo

Eu tenho uma lembrança que vai ficar pra sempre... De uma viagem que fiz com a família pro interior de Alagoas... No meio da viagem, estávamos passando por um povoado na volta pra casa, quando começou a chover... E as pessoas foram pra rua, era uma chuva forte, e era no meio da tarde... Tava um sol lindo, e aquela água toda caindo... E as crianças faziam uma farra no meio da rua... As mulheres com panelas e baldes... E eles simplesmente dançavam... Eu era menina pequena... Deu uma vontade de chorar quando vi, tamanha era a felicidade que sentia quando via tanta felicidade naquelas pessoas que nunca tinha visto na minha vida... Desde então eu sempre comemorava a chegada da chuva, lembrando dessa cena que me marcou tanto!

Mony Grazielle



quarta-feira, 24 de julho de 2013

Não sabia que sabia ser sábia


Houve um tempo em que Lucile achava que não sabia o que queria. Andava por aí com seu diário, onde fazia anotações sobre outras meninas, sobre o que achava delas e o que elas achavam dela. Eram coisas difíceis de dizer. Ao menos, escrevia. Pensava às vezes em francês, dizendo para si mesma, com seu rótulo de desastrada, “c’est la vie”. A vida era para ser aceita, tal como era dada, porque tinha aprendido isso desde cedo em alguma cartilha socializada. Mas o tempo é mensageiro e fez Lucile perceber que suas dúvidas também podiam ser caminho: descobriu a profissão de pesquisador, aquela que toda criança já nascia especializada. Tal descoberta a fez levar a sério seu diário, tão sério que anotava até piada! Achou que um dia tudo aquilo serviria de material importante para a evolução da humanidade. Estava certa e errada. Não sabia ela, ainda, que um dia seria muito pouco... Muito pouco para o monte de dias que ela transformaria todas aquelas experiências em sabedoria para ajudar os outros. Ela só não sabia que sabia, desde sempre, o que queria. Pesquisando a si mesma, suas potencialidades, foi evoluindo e se tornando muito mais humana, aceitando a vida como era... Com uma flor sorrindo pra ela em cada tropeçada... 

Camila Sousa de Almeida

domingo, 21 de julho de 2013

Efeito Borboleta

A sua vida pode mudar sutil ou completamente. Ela pode mudar de rumo quando você resolve fazer amizade com aquela menina que você desprezava. Ela pode mudar quando você decide fazer uma coisa que acha que não gosta. Ela muda, quando você escolhe um colégio pela farda, ou por um motivo qualquer. Sua vida toma um rumo diferente do que poderia tomar quando você repete uma série; quando adianta uma; quando o início de um curso atrasa; quando você responde gentilmente alguém na internet. Sua vida muda quando você faz um post no blog ou nas redes sociais. Sua vida pode mudar, imprevisivelmente, quando você lê um deles...
Camila Sousa de Almeida




quarta-feira, 17 de julho de 2013

O princípio do segundo que foi o primeiro

Mal tinha começado a escrever e já começou a crescer: fazia do papel a própria poesia. Mas escrevia gaguejando; soltava versos sozinhos e, com medo da solidão, não ia adiante com nenhum deles. Foi quando num dia, noturnamente, abriu uma página debaixo do telhado de brilhantes e enxergou lá dentro uma palavra única e cintilante: "universo", dizia em letras pequenas, mas gigantes. Soou como um gritante cochicho em seus ouvidos infantes. Uma palavra só trazendo sentido para muitas e, não-verbalmente, uniu os versos que tinha soltos e com eles formou algo muito mais crescido do que o que tinha acrescido. Foi assim que, num primeiro segundo incontável pelo tempo, descobriu o poder dos so(l)zinhos...


Camila Sousa de Almeida


sábado, 13 de julho de 2013

A matemática do infinito no ponto final

O ponto é ruim?

Puxe ele, faça um traço.

Continua?

Faça a curva, virou vírgula.

Não satisfez?

Apague, faça outros.

Mais dois desses você ganha o infinito das reticências...


Camila Sousa de Almeida

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A flor da pele

Era “o dia dos namorados”. Era um dia. Mais um em que Alícia esperava aquele som que não vinha. Nunca tinha ouvido “eu te amo” da boca de um rapaz. Nem mesmo de uma moça que não fosse amiga. Não que ela quisesse ouvir isso de uma moça, mas que ela queria ouvir, queria! Foi para o parque chateada, pensando quanto tempo já estava saindo com Alesandro e ele não lhe dizia nada. Nada além da hora que iria buscá-la... Estava sem esperanças no mundo, pois este era feito de pessoas que não falavam o que ela esperava ouvir. Alícia caminhava e chorava... Foi quando uma flor, roxinha como a cor que fica quando estamos sarando de um machucado, surgiu diante de seus olhos molhados. Enxergou profundo. Enxugou suas lágrimas e desobstruiu as passagens: Alícia pôde sentir o aroma doce da singela e miúda roxinha cheia de pétalas. Era sensivelmente suave e se espalhava no ar da praça, enquanto ela inspirava... Alícia chegou mais perto para ver melhor e tocou a flor, que se deixou ser tocada. Parecia feliz com os carinhos, pois continuava partilhando seu perfume, e isso a animava.  Suas cores eram tão sinceras quanto suas folhas recém-caídas. Ela só sabia ser ela mesma, tão bonitinha. Alícia permitiu-se a companhia dela o resto daquele dia. E junto com a noite caiu a ficha: descobriu-se amada pela flor. E isso era certo, tão certo quanto a raiz da planta firmada na terra. Alícia nunca fez nada por ela. A flor simplesmente estava ali, entregue, de corpo, cor e essência, doando a si mesma, sem nada esperar... E o único som audível era o vento fazendo a planta balançar...

Camila Sousa de Almeida

terça-feira, 21 de maio de 2013

Stairway To Heaven


Ontem estava voando e observei algo interessante: as nuvens. A gente consegue, de baixo ou de cima, ver as nuvens. Brancas ou cinzas, a gente vê. E elas fazem sombra. Nem sempre a gente percebe, mas a gente aproveita as sombras delas. Principalmente quando está mais quente, elas amenizam o dia pra gente. São capazes de tudo isso mas, quando a gente voa, elas não são capazes de impedir que a gente passe através delas. Isso não é fantástico?!

Camila Sousa de Almeida





sexta-feira, 10 de maio de 2013

Umas coisas


A natureza de dentro é que nem a natureza de fora.

Tem coisa que pinga em gotas mas que, quando se junta, nos banha por inteiro.

Tem coisa que vem e vai todo dia, na mesma hora, parecendo do mesmo jeito.

Tem coisa que desaparece mas continua existindo, sem a gente ver...

Tem coisa que cresce escondido e depois se amostra, pra continuar a crescer.

Tem coisa que é a mesma coisa, mas muda de estado, de estação, de fase... Ou deixa de ser muda, simplesmente.

Tem coisa que se abre e que se fecha, fazendo cada coisa dessa na hora certa.

Tem coisa que é vermelha e coisa que é amarela; coisa que se diz sem cor e coisa com muitas delas!

Tem coisa invisível que é bem forte, coisa pequena que é grande, e coisa bonita que não se enxerga por ser teimosa.

Tem coisa que parece igual, mas é diferente; é única, verdadeiramente.

É, as coisas são assim mesmo... Não são nada disso. As coisas se transformam, pra continuar sendo o que não deixam de ser, e serem o que é pra ser...

Camila Sousa de Almeida


domingo, 5 de maio de 2013

É


Fica claro que, tudo que está impreciso, precisa ser esclarecido à luz de um farto respaldo ancorado no fundo de um oceano de verdades. Embora a verdade precisa ser precisa no que toca a realidade observada subjetivamente por uma ótica isenta de travas e entraves que obscurecem o alvo a ser atingido e por uma visão clara a cerca de um manancial de inesgotáveis argumentos congruentes e realistas, respeitando a hierarquia dos anjos da cadeia hieráldica celestial, onde tudo é azul da cor dos verdes mares...  

Antônio Custódio de Souza Prado

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Bom dia



Dia desses ouvi na rádio, num dia nublado, a previsão do tempo: "o dia vai melhorar". Pensei: vai chover?
Porque dia bom é dia de chuva! Tanto quanto dia de sol...

Camila Sousa de Almeida

sexta-feira, 26 de abril de 2013

domingo, 21 de abril de 2013

Errando para acertar


Estava jogando dardos, eu e mais três jogadores. Cada área do alvo tinha o seu valor se acertada, e o objetivo era atingir determinada pontuação com a soma dos três arremessos a que cada um tinha direito. Entre os quatro, era eu quem estava mais distante do objetivo, pois sempre acertava alguns centímetros pro lado esquerdo de onde mirava. Virei motivo de piada. Esperavam que qualquer um ganhasse primeiro, menos eu. Isso me fez atentar mais para minha falha... Percebi que estava errando sempre do mesmo jeito. Enquanto me zoavam, silenciosamente decidi utilizar o meu erro ao meu favor: mirei alguns centímetros pro lado direito de onde eu realmente queria acertar. Bingo! De uma só vez alcancei a pontuação que precisava e venci o jogo antes de todos os outros. Hahahahaha! ;)

Camila Sousa de Almeida



sábado, 20 de abril de 2013

Viagem ao fundo do mar


“Visualize o mar”, foi a sugestão.

“Bastou isso para me banhar da terra que lhe dá o fundo; tornar-me sereia e peixe que nada de barriga pra cima; ser um ser de nadadeiras que flutua no ar e retorna à água, seu lugar de conforto...

A serpente não tardou em comer a própria cauda. Calmamente, após representar a ciclicidade nas áreas baixas, subiu tão reta quanto quieta, enrolando ela mesma nela. Fez da minha cabeça um globo da morte e rompeu a coroa rumo à estratosfera!

Lá haviam ovos. Sim, ovos gigantes! E deles saíam extreterrestres, que a mim eram semelhantes. Cada um entrava em seu respectivo túnel, para escorregar e chegar ao útero. Iriam nascer.”

É assim que se é hipnotizado. O agente lhe dá a passagem, mas é você quem faz o onde, como, e quando da viagem...

Camila Sousa de Almeida



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